quinta-feira, 28 de abril de 2011

Matanza

Você costuma sereferir ao Matanza como um entidade. Como é isso?“O Matanza é muito mais que a gente, muito mais importante.É ele que escolhe quando temos que lançar um disco novo ou não e isso nãoenvolve o indivíduo estar com alguma necessidade ou não. Por exemplo, se alguémda banda precisar de dinheiro, para o Matanza não importa. Se ele quiser ficarum tempo sem fazer disco, se decidir ficar um tempo sem fazer show, ou sedecidir que está na hora de lançar um disco e todo mundo tem que se dedicarloucamente e não fazer mais nada, é o Matanza que manda.”
 E como surgiu essaideia de retomar um esquema analógico no processo de gravação? (O CD foigravado ao vivo no estúdio, usando fita de rolo) “Foi uma coisaengraçada. O Rafa, que é o produtor e o dono da gravadora, estuda uma dessasmáquinas antigonas de rolo e tava muito amarradão em usar. E a gente sabe que osom é muito mais legal. No hardcore ajuda muito, porque tira umas arestas deagudos que sobram e incomodam, especialmente na guitarra e na batera. Então,uma coisa muito agressiva passa a soar redonda, agradável. E isso é uma coisaque a gente sempre procurou. A gente faz um hardcore que tem melodia de voz,que a guitarra tem sempre umas frasezinhas, não são só acordes cheios. Então,tem elementos na nossa música que são meio diferentes. E esse lance da fita foium prazer... Primeiro, porque nos obrigou a tocar bem e, segundo, que o som émuito mais legal, não temos a menor dúvida disso.”
 Este disco é um passoà frente na carreira?Jimmy:“Felizmente, não temos nenhum disco que tenha sido um passo atrás, que a gentetenha falado: ‘Que merda, demos um passo errado’. Mas este, em especial,definiu muito o nosso posicionamento dentro da banda e fora também... Emrelação ao som, à estética, definiu mais ainda e trouxe algumas coisas novas ediferentes que a gente não tinha antes. Mesmo que desse errado, seria um passo,mas foi um puta passo. Eu tava muito preocupado antes, porque eu gosto muito doArte do Insulto, que sempre achei queera a melhor coisa que a gente tinha feito. Mas acho que fizemos um discomelhor e eu fiquei muito feliz.”
Muitas bandas brasileirasque transitam aí na praia do punk e do hardcore, buscam uma carreirainternacional. Vocês têm alguma intenção nesse sentido ou pelo menos pensaramnisso em algum momento? “Olha, não possodizer que essa é a onda principal não. Na verdade a gente conseguiu construirnossa carreira no Brasil, o que dá muito orgulho, sabe? Não ter tido que fazero lance na gringa... Eu fico muito feliz com isso, porque dá muito trabalhofazer o que fazemos no Brasil, porque é muito maior que a Europa, né? Talvez asculturas do Sul para a do Norte sejam mais distantes que a de Portugal para a Rússia...”
Isso é meio heróico,né? Fazer um som pesado, sem concessões comerciais e conseguir viver disso noBrasil...“É por isso que eu digo que tenho tanto orgulho de ter feitoesse esquema no Brasil. A gente conseguiu chegar a um nível de 90 shows porano, que é uma coisa raríssima. Você sabe que são pouquíssimas as bandas quefazem 90 shows por ano no Brasil, sem ser de pagode. E a gente tá aí, fazendorock pesado, esquisito, sem ter de abrir mão de nada, sem ter de se dobrar praporra de sistema nenhum e ainda conseguir viver honestamente e bem disso.”









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